sábado, 26 de julho de 2014

O Quinto Poder



Por Ananda Oliveira



Não sei ao certo se esse filme é classificado como biográfico, drama ou um “docudrama”, justamente por possuir um pouco de cada um desses elementos.

A trama do filme é baseada em fatos reais em que Julian Assange, criador do site Wikileaks, ficou internacionalmente conhecido por revelar ao mundo, na íntegra, acontecimentos reais, editados e camuflados pela grande mídia. Porém, o seu maior feito foi divulgar um vídeo em que soldados americanos atiram em civis sem um real motivo ou ordem designada. Ele também divulgou informantes de outros países que trabalhavam para os Estados Unidos, entre outras coisas. O que no total soma mais de 90.000 arquivos sobre o que acontece por baixo dos panos no governo dos Estados Unidos.

Como base para compor o roteiro, o filme usou os depoimentos filmados do próprio Assange; os livros Os Bastidores do WikiLeaks, escrito pelo antigo parceiro dele, Daniel Domscheit-Berg; WikiLeaks: A Guerra de Julian Assange Contra os Segredos de Estado, de David Leigh e Luke Harding; e, claro, toda a “romantização” necessária no mundo do cinema.

O filme mostra o ponto de vista de pessoas que trabalhavam com Assange no Wikileaks. Sendo esta uma forma mais inteligente e dinâmica de conseguir captar a atenção do espectador e fazer com que o mesmo se identifique com o personagem de Daniel; o que é uma forma clássica de tratar de um tema que gerou tanta polêmica. Porque seria muitíssimo mais complicado fazer o filme baseado na versão do próprio Assange, por ser difícil de entender o que se passa na cabeça dele.

Assange foi brilhantemente interpretado por Benedict Cumberbatch. Este conseguiu capturar alguns trejeitos e até o próprio modo de falar do jornalista, que contem pausas e muitos “ahm.... ”. Porém, diferente de alguns atores que fazem filmes biográficos (ex: Jobbs), ele consegue utilizar as características de Assange a seu favor, como se elas fossem o esqueleto do personagem e todo o resto fosse o puro e simples trabalho do ator.

Daniel Brühl fez um trabalho impressionante como Daniel Domscheit-Berg. Não só por também ser alemão, mas por possuir carisma que se relaciona diretamente com o espectador e se estende por todo o filme.

O que mais me chamou atenção no filme foi a linguagem utilizada, principalmente para descrever todas as centenas de colaboradores que o Wikileaks possuía e, na verdade, eram centenas de e-mail criados por Assange. Essa cena é representada da seguinte forma: uma sala infinita com mesas de escritório enfileiradas, cada mesa possui pilhas de caixas para serem analisadas e uma placa com o nome do colaborador. Em cima das mesas tem uma luminária de escritório e o teto é o céu enevoado. Simplesmente maravilhoso aos olhos. E este pequeno cenário, se tornara constante e sofrerá modificações no decorrer da história, o que é brilhante e incrivelmente belo de se assistir.

Outras cenas interessantes são os vídeos de depoimentos de Assange para mídia serem refilmados pela equipe com o mesmo texto, e locações diferentes. O que tem de documental nessas cenas é o texto, ou seja, as palavras ditas por Assange; e a dramatização são os atores presentes, locação, câmeras e por ai vai.


Embora o filme seja biográfico, ele possui uma linguagem didática que é capaz de conquistar a atenção e o gosto do espectador.

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