Deus Não Está Morto, mas o cinema cristão está
Primeiramente, quero dizer que pensei muito antes de escrever esta matéria não por falta de palavras, mas sim por receio de torná-la um palanque de defesa de ponto de vista religioso. Depois de alguns dias pensando, concluí que o cinema também é debate e, já que o filme teoricamente levanta certas questões, por que eu deixaria de dividir com vocês o que senti ao vê-lo?
Por Nathalia Lopes
Eu vivo falando que nós, espectadores, não devemos criar muitas expectativas para ver um filme, ou mesmo não assisti-lo sem antes pesquisar o mínimo sobre ele. Porém, vira e mexe me pego num exemplo perfeito da frase "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço". Estava eu no cinema, quase entrando na sala de exibição, quanto me deparei com um cartaz, na hora pensei: Uau! Era um cartaz interessante, havia uma escrita em um muro que dizia: "Deus está morto". Um garoto em uma escada colando um papel, entre as duas partes da frase, com a palavra "não" escrita em vermelho e um grupo de pessoas olhando esse gesto do rapaz. Poxa, esses detalhes me chamaram tanto a atenção que eu não fui capaz de reparar os outros detalhes, muito relevantes, que também estavam ali: a produtora, Graça Filmes, a hashtag #DeusNãoEstáMorto e por fim, a classificação etária de 10 anos. Enfim, não atenta a esses detalhes, decidi que esse seria um filme a ser visto.
Passados alguns dias, eu navegava pelo Netflix a procura de algo pra assistir e matar o tempo, não queria nada muito “cabeça”, poético ou mesmo sério, queria um passa-tempo. Foi quando o vi novamente. Lá estava ele, em destaque, chamativo e ainda tão interessante quanto no nosso primeiro encontro. O encarei por alguns instantes. Lembro-me de entortar a boca e arquear as sobrancelhas num gesto de quem mudou de ideia. Apertei o play sem nem mesmo me dar conta que, o filme já estava no Netflix e não em um site qualquer de filmes online. Esse era outro sinal, mas novamente minha desatenção o ignorou...
Tento evitar usar certas expressões "internetescas", mas... putz... Acho que esse foi o filme mais tendencioso, caricato e decepcionante que já vi!
As atuações são fracas e o filme destruiu com um enredo que poderia ser excelente! Há uma série de preconceitos ali, preconceitos esses que tornam a estória, como eu já disse, caricata demais.
- Todo cristão, com exceção da namorada do protagonista, é absurdamente bom.
- A universidade é um antro de ateus que querem, de qualquer forma, te convencer de que Deus não existe.
- Universitários são seres dispostos a negar qualquer crença em troca de nota.
- Pessoas de alto grau de escolaridade (neste caso os professores universitários) são arrogantes, prepotentes, insensíveis e mal educados.
- Mulheres muçulmanas são sofredoras e os homens verdadeiros carrascos.
Se você é evangélico, possivelmente, deve estar pensando que o filme é lindo, muito bom, beirando a perfeição, mas deixe sua visão religiosa de lado e avalie-o como uma obra. Francamente, ele é fraco.
Enfim, foi uma decepção. Achei que assistiria a um filme com um debate interessante e inteligente e não a um culto... Mas, os sinais estavam todos lá, eu que não vi.
Agora vamos falar do cinema cristão em geral.
Houve um bum de produções desse segmento, porém sabemos bem que, qualidade e quantidade não são sinônimas. Não me entendam mal, há filmes legais, mas como acontece com tudo nessa vida: há coisas boas e ruins. E vamos ser francos, quantos filmes realmente bons (tecnicamente, vamos excluir a parte emocional por hora) você já viu nesse seguimento?
Entendo todas as variantes envolvidas no processo de produção desses longas, como o baixo orçamento, por exemplo, mas também sei que isso por si só não justifica. Arrisco-me a declarar que o maior problema é a obrigação de atender única e exclusivamente a um único nicho. Quando isso acontece, as chances de se obter sucesso fora da zona de conforto são mínimas.
Para concluir digo a vocês que o cinema cristão está morto, porque nunca chegou a estar vivo ou totalmente vivo. O que vemos são alguns breves sinais de que algo está por vir. É como aquele enjoo matinal, que pode significar que uma nova vida está crescendo dentro de você, ou simplesmente que você comeu algo que não lhe caiu muito bem.
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