Martin
Por João Trettel
Um dos seus filmes mais esquecidos é “Martin”, talvez por
fugir do tema que trouxe sua fama, como diretor e roteirista. Em Martin, Romero
mostra seu maior diferencial à criatividade. Ele consegue usar o sobrenatural
mais uma vez, para falar de um problema que estava em alta nas ruas dos E.U.A e
que perdura até os dias de hoje: drogas,violência e a Aids.
A história do filme nos apresenta a Martin (John Amplas). Um
estranho garoto que tem uma rara doença que não o faz envelhecer, mas em
conseqüência ele tem sede de sangue, e isso o faz ser perseguido tanto por
pessoas, que não entendem sua doença, como por familiares. Martin se muda para
a casa de seu primo Cuda (Lincoln Maazel), um católico fervoroso que vê Martin
como um vampiro e até o chama de “Nosferatus” (O filme alemão de 1922 do
diretor F.W.Murnau). Sua ignorância chega ao cúmulo ao espalhar alho pela casa,
crucifixo e até uma bizarra cena de exorcismo.
Martin sempre vaga
pela cidade e nisso você percebe a desigualdade social e novamente o racismo,
que é presente nos filmes de Romero. Os bairros de negros são os mais
prejudicados com drogados, estupradores, bandidos e outras corjas. Martin
percebe que no meio desse povo ele pode se passar despercebido e isso serve
para vigiar as suas futuras vítimas, que normalmente são mulheres. Ele as
escolhe, estuda seu comportamento e finalmente ataca. A história do vampirismo
é bem estruturada e convincente, mas se analisar bem ao fundo você percebe o
quanto atual é a obra, mesmo sendo realizada em 1976.
A parte técnica do filme tem seus altos e baixos, como o
continuísmo, que chega a ser triste em algumas partes e atuações bem
fraquinhas. No entanto, o roteiro, a direção do Romero e claro a maquiagem do Tom
Savini, seu colega em várias produções, salvam o filme.
George Romero é um ótimo cineasta e um excelente crítico
social. Vale a pena sair um pouco do gênero zumbi e ver outras obras desse
excelente diretor e visionário.
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