Livrai-nos do Mal
Por João Pedro Rodrigues
Ritmo arrastado, clichês e excesso de sustos fáceis prejudicam o que poderia ter sido um bom filme de terror.
Pode-se dizer que Scott Derrickson está se tornando um nome famoso no cinema de horror. Após ter escrito o péssimo Lenda Urbana 2(Urban Legends: Final Cut)e o interessante Hellraiser: Inferno em 2000 (também dirigido por ele), Derrickson só foi se lançar mesmo no gênero em 2006, com o sucesso de bilheteria O Exorcismo de Emily Rose (The Exorcism Of Emily Rose - o qual ele dirigiu e escreveu). Voltando ao gênero em 2012, com a agradável surpresa A Entidade (Sinister), que também teve um bom desempenho nos cinemas e entre os críticos.
A bola da vez é a adaptação do livro “Beware The Night”, escrito por Lisa Collier Cool e Ralphie Sarchie, sendo este um ex-policial que supostamente testemunhou os eventos narrados.
Livrai-nos do Mal (Deliver Us From Evil) conta a história de Sarchie (Eric Bana), um tenente da polícia, nova-iorquino, que se envolve em uma série de crimes que podem ter por trás uma força demoníaca. Ele se mostra cético no início, mas com o desenrolar da história acontecimentos inexplicáveis testam suas crenças e ele parte, ao lado de um padre com um passado obscuro, em busca de respostas.
Usar o sobrenatural como pano de fundo para uma trama policial é uma escolha de narrativa interessante, se bem desenvolvida, mas Derrickson arrasta o enredo desnecessariamente, pingando informações no decorrer de quase duas horas de filme, enquanto preenche os “vazios” com sustos fáceis - que incluem até gatos, o clichê master desse tipo de filme.
A construção dos personagens também não ajuda. Bana não passa carisma algum como o sobrecarregado policial, suas expressões são bem limitadas, o que já é quase uma marca do ator. Nem a família do tenente tem grande destaque no filme, se limitando aos papéis de vítimas. Édgar Ramírez faz um bom trabalho como o nada ortodoxo padre jesuíta Mendonza, que tem um papel trivial no desfecho da história. No entanto, o destaque fica mesmo para Sean Harris, que encarna o mal perfeitamente como o ex-soldado possuído por forças sobrenaturais. Suas expressões faciais e corporais são realmente enervantes e até lembram ocasionalmente seu personagem no terror inglês Plataforma do Medo (Creep, 2005).
O filme aposta nos efeitos de som, na maioria das vezes, como construção de suspense, com efeitos ensurdecedores e aflitivos (dá pra imaginar os editores de som se divertindo no estúdio), que se misturam à atmosférica trilha sonora. A fotografia também é muito bem produzida, a qual faz uso de tons de cinza para acentuar o clima angustiante e sombrio do longa.
E há a cena final de exorcismo, que pode-se dizer que foi até bem realizada. Percebi que Scott Derrickson tentou se desviar dos clichês comuns dessas cenas, apesar de esbarrar nas contorções e vômitos característicos.
Contudo, Livrai-nos do Mal não é um filme ruim, mas a falta de ousadia e a preocupação maior com o estilo que com o conteúdo classificam o filme apenas como mediano.
Achei o filme bem fraco, mas bem fraco mesmo. Chega a ser difícil de acreditar que é do mesmo cara de Emily Rose... Tudo é muito superficial, as personagens, os argumentos... tudo! Uma das coisas que mais me incomodou foi a sonoplastia aliada a trilha sonora, elas me causaram uma crise de riso bem na cena do exorcismo... lamentável. O ponto cômico ficou forçado (me lembrou aquele amigo inconveniente que acha que é engraçado e fica forçando uma piada pra cada coisa que é dita)... enfim, pra mim mais uma decepção que o gênero me causa...
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